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VAI UM PÃO DE QUEIJO?

Uma das delícias culinárias das Minas Gerais, uma bolinha assada, torradinha por fora, macia por dentro, com gosto de alegria e que enche muitas bocas de água por esse mundão de meu Deus. Feito com polvilho, ovos, óleo, farinha, leite e queijo, muito queijo, essa é uma das comidas típicas que os mineiros mais gostam e que fazem a alegria de muitos brasileiros e estrangeiros.

Simples, como tudo que é bom nessa vida, o pão de queijo poderia ser a oitava, a primeira, porque não?, maravilha do mundo, para mim é a maior de todas, fora de qualquer lista, por ser imbatível em todos os sentidos, me desculpe o Cristo Redentor, o Taj Mahal, o torresmo, o frango com quiabo, farofa, mas o pão de queijo é o maioral. Ele vai bem com tudo, suco, água, refrigerante, caldo de cana, leite e com café, pode ser comido puro e com recheios variados, com um pernil fica insano, tudo vai bem com ele e tudo fica bem depois de comer alguns, pois um só é impossível de comer.

Mineiro tem que ser um povo feliz mesmo, me desculpem os habitantes de outros estados, mas a comida mineira é a melhor de todas, em sua simplicidade agrada a todos os paladares, mistura vários ingredientes e torna o prato mais bonito e saboroso. Mas o queridinho é mesmo o nosso pãozinho de queijo, que quando assado em forno a lenha ganha um sabor mais do que especial, aquele gostinho de roça, de casa da avó, de aconchego que sempre traz por si só, pois um tabuleiro, que eu acho pouco, de pão de queijo põe todo mundo à mesa, isso sem a menor sombra de dúvida e faz o papo ficar mais descontraído e saboroso.

São mãos abençoadas as que fazem essa delícia, mãos que sabem agradar, que fazem carinho sem ao menos nos tocar, santas as mãos que amassam a massa e moldam as pequenas bolinhas, coisa de Deus mesmo, que fez, num belo dia, uma dona de casa conceber essa mistura tão divina. Esse deve ter sido um dia lindo, de sol, de pássaros cantando nas árvores sentindo o cheiro delicioso no ar, de todas as cores estarem mais vivas, um dia em que as flores desabrocharam mais cheias de perfume, em que as pessoas se amaram e que o mundo, certamente, girou um pouco mais lentamente, em que até guerras foram suspensas, enquanto lá no interior, num forno no fundo do quintal era assado o primeiro tabuleiro dessa gostosura mineira.

Só de escrever essa crônica minha boca está salivando, confesso que está próximo do horário do almoço e isso ajuda muito. Tenho que manter o controle para não me empolgar mais do que já estou e começar a escrever movido pela fome e por esse desejo incontrolável de mastigar uns bons pãezinhos de queijo fresquinhos, até os vejo aqui na minha frente, alucinação total, o que há é uma tela de cristal líquido ou led azul e branca.

Eu proponho ao Governo do Estado de Minas um decreto muito importante, de que a partir de sua assinatura todo mineiro, não importa onde viva, terá direito à uma cota diária estipulada em dez pães de queijo, esteja onde estiver e que o não cumprimento desse decreto acarretará multa diária aos cofres públicos, mais um delírio. Mas que podia ser real, dada a delícia de um pãozinho e queijo e minha fome, que começa a apertar à medida em que vou escrevendo esse texto. Meu teclado está quase alagado, de tanto que minha boca põe água para fora. Loucura, delírio, fome e hora imprópria para escrever sobre esse assunto, mas fazer o quê, se foi isso que me veio à cabeça agora, obra da fome, da vontade de comer, não um prato de comida, que até vai descer bem daqui a pouco, mas um bom pão de queijo quentinho, coradinho e com aquele queijo mole esticando a cada dentada, agora fui longe demais e falta muito ainda para escrever, não sei se chego ao final desse texto ileso, torçam por mim!

Quando foram criadas, as vacas já tinham uma missão nessa terra: dar leite para que um dia uma pessoa pegasse aquele líquido divino, misturasse coalho ou algo parecido e fizesse o queijo, para que uma dona de casa entediada com o pão simples de sal de todo dia, ou com preguiça de cortar o pão e colocar lá dentro uma fatia de queijo, resolvesse, por uma inspiração divina, colocar um bom tanto de queijo ralado naquela massa de pão sem graça e o tornasse uma iguaria sem igual nas galáxias. Eu acredito que se existir mais alguém por esse universo enorme, ninguém teve essa ideia maravilhosa, uma vez que dizem são mais evoluídos e o pão de queijo real é fruto daquela simplicidade da roça, daquele jeitinho mineiro de ser e de quem sabe o que é bom e agrada ao paladar. Acho até que alguns OVNIs vêm aqui para que seus tripulantes aprendam a fazer um bom pão de queijo e levem a receita para disseminar por lá. Ouvi uma vez uma história de que em algum lugar umas vacas foram abduzidas, isso tem cheiro de pão de queijo…

Já estou aqui morrendo, pensando não mais no almoço que logo estará pronto, mas no meu lanche da tarde, se terá ou não pão de queijo, já, já vou olhar se tenho ou não alguns aqui no freezer para colocar na panela de fritar que não frita, pois não tenho forno a lenha, e matar esse meu desejo que já está superando a loucura. Sei não, mas até o final desse texto acredito que eu já esteja vendo pão de queijo em qualquer lugar.

Pensando bem, o responsável por dividir o Brasil, quando inventou de inventar o estado de Minas Gerais, resolveu colocar ele bem no meio do mapa do Brasil, fazendo divisa com muitos estados de quase todas as regiões geográficas do país, por onde passam a maioria dos viajantes de outros estados, só para fazer o cara parar na beira da estrada e comer um delicioso pão de queijo, tornando assim sua viagem inesquecível, independente do destino. Pode acreditar que foi assim mesmo que aconteceu, na hora de fazer o mapa do Brasil, alguém gritou: “o pão de queijo é o rei!”

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