Sobre primos. Vida Erin Zurich, em sua coluna, aborda como se sente em construção sua família, Matteo, Emílio, Vicente e Emma.
Ganhei novos primos (e uma tia)! Não, vocês não leram mal. Foi um grande presente que Deus me deu e, para falar a verdade, tenho um pouco de receio disso. Primos são como irmãos, só que sem aquele drama de disputa para saber quem é melhor. São uma conexão para a vida toda e que, diferente da relação de irmãos, em que é um amor incondicional após a vida adulta, com primos, é necessário construir.
Estou no processo. Após tantos anos de vida, pelas minhas contas, quase 90 anos de idade mental, considero que tenho sabedoria suficiente para seguir minha vida por mais uma eternidade.
Bem, eu considerava. Agora já não tenho mais tanta certeza. Todos os assuntos são novos e a cada conversa, abro o Google para pesquisar sobre o que as crianças de 10 anos estão falando, sobre o que posso conversar ou não. Assuntos legais para não parecer muito careta e ao mesmo tempo, algo que possa acrescentar conhecimento.
Emílio é ligado no 220v, tem inteligência, astúcia e é extremamente eloquente. Ao mesmo tempo que o coração é gigante, não se deixa ser levado por sentimentos alheios. É educado, doce e de um caráter forte. Parece comigo, genioso e com um perfil voltado para a liderança.
5 minutos de conversa com ele e você quase se deixa levar por qualquer coisa que ele queira te explicar. Sinto que, se ele me falar que conheceu os extraterrestres, vou acreditar. E mais: vou ver com ele. Me convence e quase me domina. Chama a atenção pela genialidade.
Com Matteo nunca falei, entretanto, é como se o conhecesse de alguns anos. Parece ser mais tranquilo e calmo. Uma paz que esconde as águas agitadas que podem derrubar muitos navios quando começam a se mover. Fala menos, age em silêncio e é mais controlador. Mesmo com poucas palavras, no olhar, conta uma história inteira sem abrir a boca.
Ambos são como água e óleo, quando ferve, se mistura. Do contrário, parecem duas pessoas opostas e que – sem nada em comum – se completam. Estão naquela fase em que Emílio, provavelmente vê no irmão uma inspiração e Matteo, com 14 anos, quer ser a referência de como fazer tudo, como um bom pai.
Vendo apenas por fotos e escutando suas vozes, conheci a ambos por Emma, sua mãe que, com a paciência de quem cria dois filhos, me ditava quem era quem e qual era a personalidade de cada um.
E, por falar na mãe deles, é daquelas pessoas que você mal consegue explicar como é porque nem mesmo entende como pode ser que tenha extraído o melhor de você. Ela tem aquele instinto de proteção de mãe, sem muita frescura, sem muitos chiliques ou medos, observa de longe aos detalhes e atende a quem ama na medida certa de atenção que cada um necessita.
Agora, completamente vulnerável, sinto como se o mundo tivesse me dado uma nova responsabilidade: viver para vê-los crescer e se tornarem o que querem ser, e, que eu esteja por perto para que, se eles caírem, eu possa segurar.