Final do ano, janeiro, época de férias, fevereiro com longos feriados, é um período onde tendemos ter mais vontade de sair, se divertir afinal, é parte não só de uma rotina saudável mas, também da experiência humana. Lazer além de gerar prazer, proporciona experiências que podem agregar valor profissional, pessoal e até mesmo afetivo, em ambos os casos tais experiências nos tornam melhores. Quando fazemos atividades que gostamos eventualmente passamos por situações que não estão programadas, o inesperado nos obriga a tomar decisões rápidas em tempo curto. É isso que acontece quando saímos para nos divertir, nos preparamos para um momento agradável e, eventualmente podemos nos deparar com situações inesperadas como cancelamento de voo, perca de bagagem, cancelamento da reserva do hotel, chuva que impede o passeio daquele dia, ou mesmo o cancelamento do evento em si como um show, uma peça de teatro ou acesso a um parque de diversões, por exemplo. Mas, o que acontece quando você não tem companhia para sair e muitas vezes se sente dependente disso para se divertir, ou acha que é dependente para conseguir sair nas férias no período de final do ano para fazer algo que gosta? Se você acompanha os meus artigos já deve estar achando que talvez esse seja repetitivo com o artigo “vai sozinho”, mas, não esse é apenas a continuação, vou relatar uma experiência onde fui para o maior parque aquático da América Latina sozinho e, como fiz para conseguir fazer amizades e me divertir sem me preocupar com eventuais olhares (o que não aconteceu).
Começo a minha experiência falando do Thermas Laranjais, o maior parque aquático da América do Sul, onde sempre quis conhecer, mas, como deve acontecer com você, seus amigos não gostam do tipo de passeio, então decidi ir sozinho. Primeiro pensei nos custos, comprei a passagem por um aplicativo de ônibus, onde conseguir um preço abaixo do normal de ida e volta. Depois comprei os ingressos, busquei o ingresso completo com acesso total as atrações do parque. Como fui sozinho decidi ir para ficar o dia todo no parque e voltar no mesmo dia. O parque fica a 450 Km da capital paulista, então embarquei no ônibus às 23h30, chegando na cidade de Olímpia às 7h30 da manhã, o parque abria às 9h, então tive tempo para tomar café da manhã em uma boa padaria e seguir a pé para o parque, já me adaptando a cidade, bem como o ambiente de não estar acompanhado. No caminho comprei um protetor térmico para o celular a fim de conseguir transporta-lo durante o passeio sem preocupar se ele iria molhar, isso também me daria a chance de levar o meu cartão de débito caso eu quisesse comer ou beber alguma coisa sem precisar voltar ao armário. Logo de cara já conversei com um vendedor que me ofereceu a bolsa térmica, fiz algumas perguntas para ele sobre a cidade e o uso do produto, o motivo, se deve mais a questão de eu esta me preparando para conversar com mais pessoas no parque.
Na sequência, segui para o parque mesmo sabendo que ele ainda estaria fechado, o estacionamento estava aberto e notei que os vestiários já estavam livres, então decidi me trocar para ganhar tempo ao entrar no parque, afinal, é janeiro um período quente estamos falando do maior parque da América do Sul, eu imagino que ele vai estar cheio, então, se eu puder poupar tempo vai ser melhor. Na sequência fui para fila onde passei a observar as pessoas a fim de entender quais eram os perfis que estavam visitando o parque, notei que havia todos os tipos de pessoas inclusive gente que não estava acompanhada! Eu não sou especial nesse mundo, não fui o único a ter essa ideia, e nem o único que decidi me divertir sozinho. Um homem que estava com sua filha me perguntou algo referente aos ingressos, como eu sempre me organizo antes de qualquer viagem, eu já havia me preparado bem, então já sabia responder o que ele estava me questionando! Ele me perguntou se eu estava com minha família visto que não havia ninguém ao meu lado há uns 40 minutos desde que eu cheguei na fila eu disse para ele que estava sozinho, afinal o perfil dos meus amigos não era esse tipo de lugar. Eu penso que não tenho que dar detalhes sobre porque estou ali então, eu posso responder qualquer coisa que me faça me sentido melhor, neste caso é mesmo verdade. Ele gentilmente estava passando protetor solar e ele ofereceu um pouco. Eu, por educação aceitei. depois falamos sobre outros assuntos como o calor, e atrações que poderiam ter dentro do parque, ou seja, assunto bem neutros. Entrando no parque eu escolhi um bom armário para não me preocupar com espaço e fui conhecer todo o parque, os brinquedos ainda estavam fechados, então eu fui ver as atrações e nesse momento eu percebi que a minha coragem olhando os brinquedos por baixo já não era tão grande quanto eu imaginava! Eram muito altos! Mas, eu estava lá para encarar o meu medo e me divertir o máximo que eu pudesse, então, escolhei e um dos brinquedos fui para fila e vi um garoto com seu amigo e um adulto e decidi fazer uma pergunta para ele a título de curiosidade. Ele estava com a capinha térmica semelhante a que eu havia comprado, decidi de perguntar se aquilo realmente era eficiente para não molhar o celular, sei lá afinal, era a primeira vez que eu usaria uma, O garoto foi muito prestativo e explicou como ela funcionava inclusive como eu poderia utilizar para filmar. O adulto que estava com eles era o tio deles, começou a conversar comigo e perguntou sobre o brinquedo que horas que ele abria, eu disse que o brinquedo abrir às 9h30, o tio dele disse para mim; “bom então vamos vai ser os primeiros”! Eu disse para ele que vai ser o primeiro que vou no parque também, eles foram caminhando e eu fui caminhando junto enquanto o garoto forma empolgada falava sobre a capinha do celular. Quando chegamos no topo do brinquedo cerca de 20 m de altura percebemos que era uma boia que descia um imenso escorregador, e apenas duas pessoas por vez podiam ir. O tio com os dois sobrinhos estava em três, eu em + um, então o tio dele se propôs para eu ir com os sobrinhos dele e ele ir com outro. De imediato eu aceitei, afinal além de ser minha primeira chance de estar me entrosando com alguém, também é minha chance de ir no brinquedo já que o brinquedo só podia ir duas pessoas por vez. Na fila nós conversamos bastante com o tio do garoto eu falei sobre trabalho, curiosamente nós somos diárias semelhantes, depois falamos sobre a adrenalina que os brinquedos causavam e por fim, chegou a nossa vez! O garoto e estava acostumado a filmar tudo que ele fazia já que era a segunda vez que ele estava no parque visto que ele estava hospedado, gravou todo o trajeto da descida curiosamente ele pegou a minha reação já que ficávamos de frente um para o outro na boia. Ao chegar na parte de baixo do brinquedo com o coração a mil rimos e conversamos bastante, os dois garotos queriam de novo no brinquedo, o tio deles queria encontrar a esposa e disse para eu ficar com os garotos se divertindo, eu não pensei que ia ser tão fácil conhecer outras pessoas, então decidi pedir para que o garoto me enviasse o vídeo pelo meu celular mas, para isso, eu pagaria um sorvete a cada um deles, garotos não pensaram duas vezes e aceitaram de imediato! O tio deles deu um sorriso demonstrando satisfação no gesto, fomos a uma sorveteria, eu decidi pedir uma cerveja, afinal já estava no horário de tomar alguma coisa e calor já passava de 30°. O tio do garoto então foi encontrar a esposa e as garotos queriam voltar para outro brinquedo me convidando para ir com eles eu não queria ser inconveniente, mas decidi ficar um pouquinho a mais com ele e depois seguir o meu caminho sozinho pelo parque. Fomos em dois brinquedos juntos, então decidi me despedir do garoto deixei o meu WhatsApp com ele para ele enviar seus vídeos e agradeci pela companhia. É importante em situações como essa não ser inconveniente não grudar em pessoas que você ainda não conhece não por você, mas, por elas é importante que você seja independente. Eu sei que encontraria eles de novo pelo parque.
Em resumo para o antigo não ficar muito longo, fui em outros brinquedos no parque, um dos brinquedos que mais me deu medo foi o LENDÁRIO basicamente uma queda livre em um tubo a cerca de 38 metros de altura. esse brinquedo além do imenso medo que eu senti e dava vontade constante de desistir! Conheci um grupo de quatro pessoas, Um casal e um pai com sua filha.
Ser irônico de forma engraçada sempre foi um forte meu, eu perguntei coisas sobre o brinquedo, segurança cada resposta que eles davam eu fazia uma piada leve sobre eu desistir de ir no brinquedo, eles claramente notaram que eu estava com medo decidiram fazer piada com isso. E cada piada que eles faziam, eu fazia uma em cima me zuando cada vez mais. Isso fez com que o tempo na fila fosse conversando com eles e fosse bem divertido, porém o meu objetivo não era apenas conversar com alguém, mas, aliviar a tensão que eu sentia e consegui encarar aquele brinquedo que para mim era o mais intimidador do parque. Uma coincidência é que um dos rapazes morava em um bairro que não era tão longe do meu. Por fim pouco antes de chegar a nossa vez a filha dele decidiu desistir e decidiu voltar, quando a filha dele desceu alguns segundos depois ele disse para mim; “Você poderia ter ido com a minha filha!” Espantado sem saber que era filha dele achando que era namorada. Então ele seguiu; “Você poderia ter descido com ela, e como você está com medo seria uma alternativa para você e ficar nos esperando lá embaixo”! O que me chamou atenção nessa situação é o fato de que ele estava confiando em mim para que eu descesse com a filha dele, outro ponto era que, eu achei que a garota fosse namorada dele. Eu aproveitei o momento para fazer piadas e disse seria o momento perfeito para que eu não passasse vergonha e saísse na fila dizendo para as pessoas com quem eu cruzasse no caminho que ela estava passando mal eu estou acompanhando-a apenas! Todos riram quando eu falei isso mas logo o silêncio tomou conta porque nossa vez chegou, o casal foi na frente primeiro na sequência o pai da garota perguntou se eu queria ir e eu falei; “Não, por favor você pode ir sua filha está esperando lá embaixo”. Então ele foi e disse para mim tudo bem, eu espero você lá. Eu confesso que pensei em um filme de guerra onde os paraquedistas britânicos saltam no dia D na França ocupada, pensei naquela frase onde um deles pode ter dito para o colega antes do salto; “Te vejo lá embaixo”. Eu sei que foi bem dramático, mas pelo medo que eu sentia a situação entre saltar avião em movimento em cenário de guerra e aquele brinquedo era a mesma para mim! Ao chegar lá embaixo todos os quatro estavam me esperando, minhas pernas estavam tremendo, tentei disfarçar, a primeira coisa que eu disse assim que eu os vi foi; “Vou precisar de alguém que dirija para mim para voltar para casa”. Todos riram e falaram algo que sinceramente eu não me lembro, então eu agradeci a companhia, decidi então ir para outros brinquedos fiquei feliz por ter feito amizade com eles, eram divertidos.
Nesse meio tempo eu sempre quando estava na fila conversava com outras pessoas, as pessoas são receptivas com quem aparenta estar sozinha ao mesmo tempo não demonstra perigo, se você se mostra aberto, sorridente e não demonstra que vai pedir nada a elas serão receptivas e atenciosas, afinal o que você está fazendo na situação como essa, a maioria, senão todas já fizeram e vão fazer diversas vezes. O que elas sentem quando vem alguém fazendo isso é na realidade admiração, afinal elas estão vendo alguém que sente vontade de se divertir e fazer algo que gosta e simplesmente vai, veem sua linguagem corporal que não está abatida, ou infeliz, vê alguém está sorridente com uma postura firme, está se divertindo, enquanto talvez pense “poxa, eu deixei de fazer tantas coisas em minha vida por não ter alguém para ir comigo e olha esse cara ou essa garota tá aqui, sozinha se divertindo falando comigo sorrindo, em um dia de sol num parque aquático”. Você sentiu o tom de admiração nessa forma de pensar? É dessa forma que eu penso quando eu vejo alguém assim. É dessa forma que você pensa quando vê alguém assim. No decorrer do dia eu não deixei de tomar a cerveja que eu gostaria de tomar, afinal estava um dia quente, não deixei de comer aquilo que eu queria comer, eu não deixei de aproveitar as piscinas do parque, eu não deixei de relaxar sentado numa cadeira de praia na areia na praia artificial que tinha no parque tomando uma cerveja trincando. O que eu quero dizer, é que eu não deixei de relaxar e aproveitar o dia! Os momentos em que eu estava cansado afinal, ficar em pé em fila e caminhar no sol quente descalço pode ser muito cansativo! É importante dizer isso, pois você vai precisar fazer pausas quando eu estiver em passeios como esse, momentos que você vai sim querer aproveitar sozinho. Eu conheci outras pessoas nas filas dos brinquedos inclusive um garoto que era do mato grosso do Sul que foi sozinho o parque ele disse para mim que sempre amou o parque de diversões, então ele decidiu aproveitar as férias já que ele era professor e veio para São Paulo se hospedou na cidade de Olímpia e decidiu pegar logo três dias naquele parque de diversão. Ele disse que estava encantada e brincou comigo “ficar longe de alunos gritando no seu ouvido é maravilhoso”. Ele sorriu e disse; “É brincadeira Eu amo meu trabalho, aqui é o que eu mais escuta são crianças gritando”. No decorrer do trajeto eu pude sim observar pessoas que estavam sem companhia nas filas os brinquedos também pude observar inúmeras pessoas que caminhavam pelo parque sozinha. Ao final do dia eu estava morto de cansaço, e o meu ônibus só sairia às 23h, eu decidi ir para um pequeno shopping que tinha em frente ao parque e aproveitar o ar-condicionado que estava lá afinal, a temperatura naquele dia estava próxima dos 37 graus. A primeira coisa que eu decidi fazer foi pedir uma refeição de verdade já que eu não tinha comido direito no parque. havia uma cervejaria artesanal dentro do shopping, a cervejaria tem um balcão onde você podia tomar cerveja ali, tinha TVs e com jogos futebol, então eu vi ali o lugar ideal para ficar não por conta da cerveja, mas para seguir objetivo de fazer amizades. Fui o bocão, pedi para que o barman que me recomendasse uma cerveja leve e que não fosse amarga, ele me deu três tipos para provar, eu escolhi uma e ele me serviu, na sequência perguntei isso poderia ficar no balcão e ele disse que eu deveria e já me perguntou da onde eu era, já que eu estava uma mochila enorme nas costas. A conversa seguiu e pedi porção de batata frita com frango. Eu disse para ele que o meu ônibus só ia sair às 11h30 da noite, o cara foi extremamente simpático e disse você encontrou um lugar para ficar pelo menos até às 22h conversamos durante um bom tempo mas, antes das 22h eu decidi seguir para rodoviária onde pegaria o ônibus e lá decidi ficar até o horário de voltar. Ali terminou o meu Vai Sozinho, hoje para mostrar que ir para um parque de diversão é uma experiência incrível e marcante, se você gostar de fazer isso, se você for sozinho você pode tornar experiência maravilhosa.
Objetivo desse artigo apesar de ser longo é inspirar você a fazer o que gosta sem depender de seus amigos, namorada, e sem depender de ninguém. Dessa forma você vai se descobrir, vai perceber o quanto pode ser independente e vai perceber que você é mais encantador incrível do que você consegue imaginar ou do que os outros podem dizer a você! Se você está solteiro ou solteira, em experiências como essa você pode sim encontrar o amor da sua vida, ou no mínimo alguém que pode te trazer momentos marcantes e especiais.
Experiências como essa podem te proporcionar conhecer amigos que vão te trazer experiências você talvez nunca tenha vivido como talvez, fazer uma trilha, um show de um estilo de música que você nunca foi, ou talvez até conhecer um tipo de fé que você não tenha visto. O que eu quero dizer é que as pessoas são como meios de transporte elas podem te levar a lugares que você nunca conseguirá chegar a pé. Já, outras pessoas são a própria experiência em si. Então se descubra, se explore, se encante, se apaixone por si, para então você se apaixonar pelo outro, você se encantar pelo, para então você descobrir o outro, VAI, SOZINHO!
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