Domingo, Setembro 15Portal Comunica News

O TEMPO NÃO PARA

Quanta pressa! Eu diria hoje para o tempo. Também já disse para ele: “por favor, vá mais rápido!”. Tudo depende da nossa ansiedade, quando ela é grande, temos pressa para que o tempo ande logo, quando ela é pequena, deixamos rolar e o certo é que o tempo passa e faz chegar o momento esperado, nossa percepção com relação ao tempo é que muda.

Eu era louco para fazer dezoito anos, ser maior de idade, poder frequentar determinados lugares, nessa época o tempo se arrastava, o ano demorava a passar, as coisas que eu fazia eram todas aborrecidas, um verdadeiro sofrimento, ter que fugir do Juizado de Menores em boates, escondendo no escritório do dono, ou, o pior, ser barrado na portaria, por ser um dia de fiscalização mais intensa, minha diversão ficava comprometida nessa época, mas fazer o quê, né?

Quanto mais perto dos dezoito anos, mais ansioso eu ficava, fazia planos e mais planos para quando a maioridade chegasse, ia fazer isso, ia fazer aquilo, ninguém ia me impedir de nada, eu seria, finalmente, homem, que legal! Mas o tempo me dizia: “calma, não é bem assim…”, eu nem lhe dava ouvidos, esperava chegar o dia do meu aniversário de dezoito anos, ia ter festa, pequena, mas uma festa e estaria liberado para tomar uma cerveja, ou quantas quisesse, sem ninguém me encher o saco. Chegou o grande dia e muito pouca coisa mudou depois, além do fato de ter dezoito anos, continuei o mesmo menino de sempre, fazendo as mesmas coisas de sempre e morando na mesma casa de sempre. O que mudou é que parece que foi ontem meu aniversário de dezoito anos, e já se passaram alguns anos dessa data tão esperada. Hoje eu digo ao tempo que ele seja menos apressado e, como sempre, ele nem me dá ouvidos, acelera.

O tempo passa, não adianta querer que ele voe, ou que vá devagar, ele vai passar no ritmo dele, apesar de alguns estudos revelarem que está realmente um pouco mais rápido, por conta das mudanças climáticas, ou da temperatura do centro da Terra, não sei bem ao certo, mas a mudança é pequena ainda. O tempo tem o tempo dele, ou seja, vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana, trinta ou trinta e um dias no mês e trezentos e sessenta e cinco ou seis, caso seja bissexto, dias no ano. Para quem conta de outra forma, luas, enfim, cada um conta o tempo da forma que aprendeu ou lhe convém. Eu parei de contar o tempo por ano, a partir do ano passado comecei a contar por década, que na minha conta será um ano cósmico meu, eu não virei um maluco beleza, é coisa minha na tentativa de frear o avanço da idade.

Mas para minha tristeza, os desavisados dessa minha nova contagem todo ano, no dia do meu aniversário, no mês em que ele cai, me mandam os “parabéns”, pedem que eu pague uma, me desejam saúde e sucesso, depois agradeço a cada um pela lembrança, como é o normal. Nesse momento cai a ficha que esse meu ano cósmico é uma furada e não terei como escapar da evolução natural e anual da minha idade, essa sequência vai continuar até os meus cento e quinze anos desejados, sem dribles no tempo e invenções malucas. Espero somente que esse negócio da Terra estar girando mais rápido seja controlado ou minimizado, ainda quero o tempo bem lento para fazer algumas coisas que ainda não fiz na vida, tenho o direito de aproveitar com calma as novas experiências que estão por vir, se Deus quiser!

Eu brinco, mas é coisa séria esse negócio do tempo. Meu tempo é sempre o atual, onde estou agora, esse é o tempo que tenho para viver e o futuro ainda não existe. Costumo dizer que “no passado”, ou “quando eu era mais jovem”, fazia determinadas coisas ou que era assim ou assado o mundo, volto a afirmar: meu tempo é hoje, é o que estou vivendo agora que você lê esse texto, o que estou fazendo agora é o que me interessa, não o que ficou lá trás na forma de memórias, essas eu busco quando quero matar uma saudade ou recordar pessoas queridas que já se foram. Agora, que escrevo esse texto, penso assim, e quando ele for publicado na próxima semana? Talvez pense o mesmo, mas com outra visão da coisa, ou mudo todo o pensamento, pode ser que eu nem esteja mais aqui e esse texto nem seja publicado, mas espero que sim os dois, assim como outros já escritos que serão publicados por aí e os que ainda serão escritos. Nesse exato momento em que você lê esse texto, eu estou fazendo outra coisa, talvez eu esteja dormindo, trabalhando, me divertindo, mas saiba que lembro desse texto e estarei pensando em você, não exatamente em você que lê, mas na figura dos leitores que me dedicam parte de seu tempo e me dão a honra de ler o que escrevo. Obrigado, de coração, você faz meus dias mais felizes!

Só para determinar como é o tempo, mesmo o menor tempo que passa já faz uma boa mudança na gente, estou escrevendo esse texto na parte da manhã, como tenho outro texto para escrever e entregar daqui a pouco, deixo este para ser corrigido na parte da tarde, certamente algumas coisas vão mudar com relação ao que escrevo agora, palavras serão acrescidas, outras cortadas, pontos e vírgulas mudarão de lugar, serão tirados e postos, frases inteiras podem simplesmente desaparecer e darem lugar a outras, só não vai mudar a essência do texto, o resto todo vai ser alterado depois da revisão que faço.

Essa é uma prova de que o tempo muda a gente constantemente, devagar, o nosso pensamento vai se moldando ao que acontece em cada momento, agora estou feliz com a repercussão de um poema que publiquei a pouco, mas e depois, como estarei? Não sei o que vai acontecer até o momento de fazer a revisão desse texto, com certeza muita coisa vai acontecer, nem sei nem se consigo fazer a revisão ainda hoje, e se for amanhã posso mudar quase todo ele, sei lá.

Por essas e outras eu digo agora para você cuidar do seu tempo e não só dele, mas de você dentro do tempo que você tem disponível, pois o tempo em si você não controla, mas suas ações você tem a obrigação de controlar, procure ser uma pessoa melhor no segundo seguinte e evolua sempre dando um passo à frente, assim como o tempo.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.