
O Nepal atravessa um de seus momentos mais delicados nas últimas décadas. Depois de anos de instabilidade sob governos comunistas, o país mergulhou em uma onda de protestos que forçou a renúncia do primeiro-ministro K. P. Sharma Oli e desencadeou uma crise de segurança sem precedentes.
Legado do regime comunista
O regime comunista no Nepal tem raízes na guerra civil (1996–2006), quando insurgentes maoístas enfrentaram a monarquia em um conflito que deixou mais de 17 mil mortos e milhares de desaparecidos.
Apesar do fim da monarquia e da criação de uma república, a promessa de estabilidade nunca se concretizou. Desde 2008, nenhum governo conseguiu concluir um mandato, com sucessivas coalizões comunistas marcadas por divisões internas, corrupção e ineficiência administrativa.
Décadas de consequências negativas
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Violações de direitos humanos, como execuções, tortura e desaparecimentos durante a guerra.
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Destruição de infraestrutura e deslocamento de milhares de famílias.
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Migração em massa de jovens em busca de oportunidades no exterior.
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Persistência de pobreza, desemprego e serviços públicos precários.
A desilusão com os sucessivos governos alimentou a insatisfação popular, especialmente entre a juventude.
A explosão de 2025
O estopim veio em setembro de 2025, quando o governo bloqueou redes sociais como Facebook, X e YouTube, sob a justificativa de combater a desinformação. A medida foi vista como censura e provocou protestos massivos liderados pela geração Z.
A repressão foi violenta: dezenas de mortos e centenas de feridos após confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Em retaliação, houve incêndios, saques, ataques a prédios públicos e até fugas em massa de presídios.
O caos forçou a renúncia de Oli, que deixou o cargo em meio à pressão popular e à intervenção do exército, responsável por impor toque de recolher e patrulhar a capital Katmandu.
O futuro incerto do Nepal
Com a queda do premiê e o desgaste do regime comunista, o Nepal enfrenta um vácuo de poder e um cenário político incerto. A juventude exige mais transparência, oportunidades e liberdade, enquanto líderes tradicionais tentam manter o controle.
O país agora precisa decidir se seguirá em direção a uma verdadeira renovação democrática ou se permanecerá preso ao ciclo de instabilidade que marca sua história recente.
