Como é bom acordar de manhã e abrir os olhos, fazer minha oração e me levantar para aproveitar o dia! Não tem nada melhor do que estar vivo, poder desfrutar dessa experiência maravilhosa, que temos todos os dias. Não importam os problemas, eles vão existir mesmo, não importam as desavenças, se puderem ser evitadas, ótimo, mas se não, o que fazer? Não importa nada, viver é o que importa e todo o resto é estar vivo.
A vida na sua forma mais pura é um conjunto de acontecimentos, alguns provocados por nós mesmos, outros provocados por fatores externos, uns afetam mais nossa vida do que outros que não afetam nada e todos eles vão nos formando enquanto seres humanos, numa roda que gira sem parar até o dia do suspiro final, mas esse vamos deixar de lado, tomara que esteja bem longe de mim e do leitor. Essa roda da vida, nunca fica no mesmo lugar, pois a vida é dinâmica, hoje eu sou uma pessoa diferente do que fui ontem, amanhã, certamente, serei diferente de hoje, nem que seja um pouquinho de nada, isso é bom, é evolução.
A vida pode ser dura, eu acho que ela nunca é mole com ninguém, porque sei que todo mundo tem seus problemas, grandes ou pequenos, mas não mostra no Facebook e no Instagram, lá todo mundo é feliz e bem sucedido, mas a vida não está ali dentro, vivemos aqui fora, onde temos que comer, ir ao banheiro, pagar contas e as cervejas e outros drinks postados nas redes sociais na vida feliz ali mostrada. A vida não é só isso, festas, balada, amor e tudo colorido, nela tem tiro porrada e bomba o tempo todo comendo solto, aquela vida de rede social só existe lá mesmo, porque aqui fora as contas chegam, a polícia prende e o pau quebra.
Eu prefiro a vida aqui de fora, cheia de perrengues, alegrias, tristezas, amores, desamores, encantamento e decepções, pois a vida é assim desde que Adão e Eva comeram o fruto proibido, nada vai mudar isso, nem as redes sociais, pois ainda nos fartamos desse fruto. Somos de carne e osso e não aqueles avatares, nossos cabelos caem, as barrigas crescem, as estrias aparecem e tudo bem, acontece, chega de retoques e enganação, são as marcas da vida, e devemos nos orgulhar delas, é a nossa história, o que vai ficar de nós aqui depois. Eu sou feliz, mas feliz de verdade, apesar dos perrengues que eu passo, não estou fingindo aqui não, é verdade, sou um privilegiado, faço o que gosto, gosto não, amo e estou levando a vida, não deixo que ela me leve, pois posso chegar aonde eu não quero se me deixar levar, quero mesmo é chegar onde eu desejo ir, prefiro ter o leme da minha vida nas mãos para poder pilotar e não me arrepender depois, quando será tarde demais.
Eu gosto do sol na cara, me queimando e vez ou outra de me esquecer do filtro solar e ficar vermelhão e ardendo, depois descascar igual a uma barata, mesmo sabendo que é perigoso, negócio de câncer de pele, mas é isso ou viver uma vida hermética, certinha, enclausurada em casa ou no meio digital. Fico vendo essas pessoas andando pela rua grudadas na tela do celular, não sabem por onde andam, nem olham na sua cara e quando te esbarram ainda reclamam que você não saiu da frente. Sou do tempo em que saía no calçadão, cumprimentava e conversava com tanta gente que até me esquecia do fui fazer na rua. Hoje não se encontra com mais ninguém e quando encontramos e sentamos em um bar para trocar umas ideias, cada um pega o seu telefone e fica navegando na telinha azul, perdendo o tempo precioso de vida que teria com os amigos de carne e osso ali naquele mundo sem graça. Eu, sempre que estou com outras pessoas, desligo meu pacote de dados, minto, até sozinho eu não fico com ele ligado, não suporto aquele sinalzinho de mensagem o tempo todo, normalmente para coisas que não valem o meu tempo, de vez em quando eu olho e tudo bem.
Prefiro gente de verdade, conversar cara a cara, tocar, abraçar, beijar rostos e bocas reais, gente viva, que aproveita a vida que tem aqui no mundo real, gente que se machuca, que chora, que perde o emprego, o namorado ou a namorada e continua seu caminho em paz, abalada por um tempo com a perda, mas na paz relativa a quem sabe que a vida é assim e pronto, não tem como ser diferente, melhor do que viver aquela falsa alegria, quebrada de forma brusca quando encontramos pessoalmente com a pessoa, triste e cheia de problemas. Ninguém é alegre o tempo todo, e ninguém é triste o tempo todo. Alegria e felicidade são sentimentos diferentes, a alegria é passageira, momentânea e alimenta a felicidade que é constante, fruto da vida, das conquistas e derrotas, porque não delas?, somos o que somos apesar e graças a tudo o que acontece conosco na vida e vamos tentando ser mais felizes do que infelizes, geralmente conseguimos, porque a infelicidade é chata pra caramba e não faz bem.
A vida é linda, temos que aproveitar cada segundo dela, pois sabemos que vai acabar um dia e não sabemos o que vem depois, nem, ao menos, sabemos qual será esse dia, pode ser agora, Deus me livre!, ou daqui a vinte anos, e isso é legal, porque nos faz querer aproveitar ao máximo as possibilidades, claro que tudo dentro de limites éticos, legais e pessoais. Nada de curtir a vida adoidado, fazendo um monte de besteiras, faça algumas, faz parte também, mas não só faça as besteiras, aproveite para fazer o bem ao outro. Faça bem para você cuidando de sua saúde, tenha alguns limites, mas não pode totalmente sua vida, não tenha limites para aproveitar o que deseja, ser o que quiser, amar e ser amado, desde que isso não lhe faça mal. E seja feliz!
Como é bom estar vivo, pedir perdão e perdoar, não tentar agradar a todo mundo, ser o que sou, fazer o que faço, ver a natureza fazendo sua parte para tentar sobreviver e fazer a minha parte, mesmo que pequena, para tentar ajudá-la nessa luta, afinal tenho interesse em que ela vença essa luta. Como é bom ouvir um passarinho cantar, subir num pé de fruta e colher uma fresquinha, andar por aí sentindo o vento na cara e agradecido por estar aproveitando isso tudo.
Amei a crônica. Parabéns.