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Comando Vermelho amplia domínio no Rio e já controla mais da metade das áreas sob facções, aponta levantamento

Facção cresce 8,4% em um ano e supera milícias no controle de territórios; especialistas alertam para expansão nacional e aumento da violência urbana

O Comando Vermelho (CV), principal facção criminosa do Rio de Janeiro, consolidou-se em 2023 como o grupo armado com maior domínio territorial no estado, superando as milícias e expandindo sua influência para outras regiões do país.

Dados divulgados por institutos de segurança apontam que o CV controla atualmente 51,9% das áreas dominadas por facções na Região Metropolitana do Rio — um aumento de 8,4% em relação a 2022. Enquanto isso, as milícias, que antes lideravam o controle de comunidades, caíram para 38,9% do total.

O levantamento mostra que cerca de 18,2% de toda a área urbana habitada do Rio está sob controle de algum grupo armado — número que mais do que dobrou desde 2008, quando era de 8,8%.

Além do domínio no Rio, o Comando Vermelho já possui presença em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A facção, fundada nos anos 1970 dentro do sistema prisional carioca, deixou de depender apenas do tráfico de drogas e passou a explorar outras atividades ilegais, como extorsão de moradores, exploração de serviços, transporte e comércio informal.

Poder paralelo e impactos sociais

A presença do Comando Vermelho em comunidades cariocas representa um desafio à governança pública.
Em muitas áreas, o grupo estabelece regras próprias, controla o acesso de moradores e cria uma espécie de “Estado paralelo”, cobrando taxas e impondo restrições.

Moradores relatam que, além do medo constante de tiroteios, há um aumento de traumas psicológicos e sensação de abandono estatal.
Segundo a Agência Brasil, a população das favelas tem vivido sob “um ciclo de violência, insegurança e adoecimento emocional”.

Reação do poder público

Autoridades de segurança pública afirmam que o enfrentamento à facção precisa ir além da repressão armada.
Especialistas defendem uma estratégia de longo prazo, que combine ações policiais, políticas sociais e presença do Estado nas comunidades, com foco em educação, emprego e reconstrução da confiança local.

“O domínio territorial das facções não é apenas um problema de polícia, é um problema de Estado. Onde o poder público não chega, o crime ocupa”, destaca um trecho de relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Um império do crime em expansão

Com estimativas de até 30 mil integrantes ativos e ramificações em todo o país, o Comando Vermelho tornou-se o símbolo do poder paralelo nas favelas cariocas.
Sua capacidade de adaptação e expansão — mesmo diante de operações constantes — mostra que o desafio vai além do combate armado.

Para especialistas, conter o avanço da facção exige uma resposta coordenada entre forças policiais, políticas sociais e ações de inteligência.
Enquanto isso, a população das comunidades continua sendo a principal vítima de um conflito que há décadas molda o cotidiano do Rio de Janeiro.

 

Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública

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