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EU ERA FELIZ E SABIA, SIM!

Eu sempre fui feliz, mesmo quando passei por momentos tristes, desses ainda virão mais alguns pela vida a fora, mas a felicidade sempre esteve lá dentro de mim, construiu sua morada no mais profundo eu. Não aquela felicidade plástica, mentirosa de redes sociais, mas a felicidade real, da gratidão por ser quem eu sou, ter o que eu tenho e fazer o que eu faço. Você só se encontra na vida se encontrar a sua felicidade primeiro, caso contrário será um eterno caçador do que não sabe que deseja e será sempre encontrado pelo que não deseja.

Esse negócio de felicidade a qualquer custo, isso é tudo cosmético, você se torna um eterno infeliz na verdade. Há uma grande confusão entre alegria e felicidade, uma é aquela torrente rápida, que joga a endorfina lá no alto por um momento e depois volta tudo ao normal, a outra é aquele sentimento de que está tudo certo, que a vida tem valido a pena, mesmo com seus altos e baixos e nos faz seguir em frente na busca pelos nossos sonhos.

Eu sempre fui feliz, desde criança, não me lembro de ter sido infeliz, nem quando meu pai me proibiu de fazer um curso de teatro porque artista era “tudo vagabundo”, coisa dele, que saiu da roça quase analfabeto e lutou bastante para tirar o ginásio e vencer na vida, venceu, pois conseguiu ser um operador de máquinas e ferramentas na CSN, para quem até então só tinha trabalhado na roça, um salto e tanto e louvável. Eu poderia ter lutado contra ele, arrumar briga dentro de casa, mas para quê? Não ia adiantar, era ele quem me bancava e eu dependia dele para pagar o curso, aceitei e segui minha vida, talvez se seguisse a carreira de ator minha vida não teria sido a mesma, sei lá. Hoje vivo da minha arte, sou poeta, escritor e estou feliz, dei ao meu pai um diploma de faculdade como ele queria, uma pós-graduação e tive uma carreira profissional bem sucedida, mesmo que não sendo exatamente aquilo que eu desejava, hoje faço o que amo, tenho certeza que meu pai está feliz se estiver me vendo, com certeza ele entendeu o que eu dizia.

Mas, com tudo isso, não fiquei esperando ser feliz só quando eu vivesse a arte plenamente, pelo contrário fui feliz no meu trabalho, realizei tudo com muita alegria, era o que eu tinha e, depois, já independente, eu poderia ter jogado tudo para o alto e seguir o meu caminho, mas parece que gostei da adrenalina dos negócios e segui a vida, feliz, sempre. Mesmo depois que meu pai morreu eu continuei, aí sim poderia ter largado tudo sem o medo dele ficar me azucrinando, eu finalmente estava “livre”, mas resolvi honrar meu pai e segui em frente… fazia um ou outro texto, que publicava em alguma revista, ou jornal por aí e isso me bastava, até outro dia nem pensava em ser poeta, mas encontrei a poesia logo depois da morte de minha mãe e me entreguei a ela de corpo e alma, sempre feliz porque desde sempre pus todas as minhas coisas nas mãos de Deus e Ele tem guiado meus passos me levando pela vida, abrindo sempre o caminho que eu tenho que trilhar, Ele sabe onde eu quero ir.

Eu sempre soube que era feliz, podia até achar que não, mas a felicidade estava lá me cutucando, não deixando o artista morrer lá dentro de mim, que bom, talvez se ele tivesse morrido pelas circunstâncias da vida eu hoje não seria mais feliz. Imagina você matar um sonho só porque se acha velho para realizá-lo? Não faça isso nunca! Eu lancei meu primeiro livro aos quarenta e nove anos, o segundo logo depois e o terceiro aos cinquenta e, agora, aos cinquenta e um anos estou prestes a lançar meu quarto livro, o segundo de poesias, velho é quem me diz! Posso até ter idade, mas minha mente é jovem, não me acho um garotão, sei que sou um senhor de meia idade, segundo li outro dia, os cinquenta são os novos quarenta, então minha vida está só começando, a mente ainda sonha, eu tenho muito a realizar e vou realizar muita coisa ainda nessa vida.

Acho que é a felicidade que está em mim que me faz ter essa força da juventude, essa vontade de ir além, de ver o que há depois do horizonte, de buscar novas oportunidades. E por isso escrevo esse texto, se ninguém ler, paciência, se uma pessoa parar para ler um pouco, já valeu tudo, então, só de escrever esse texto eu já me sinto abastecendo mais um pouco meu tanque de felicidade, ele não tem fim, nunca vai estar cheio, não porque eu fico buscando mais felicidade em potes vazios, mas porque a cada dia ele pode ser preenchido com mais um pouco de alegria viva.

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